
Resenha do documentário:
Nem Azul, Nem Vermelho
Boi Rasgadinho é o boi babadeiro
Produtora Kelly Sobral
Kelly Sobral é jornalista formada na Universidade Federal do Amazonas, campus de Parintins e atualmente é repórter do site Parintins Press. Também é a produtora do documentário Nem Azul, Nem Vermelho Boi Rasgadinho é o boi babadeiro. O documentário foi indicado para dois festivais, um em Berlim e outro em Portugal.
O documentário fala sobre o Boi Rasgadinho que foi criado como forma de brincadeira, no dia 21 de julho de 2010 por Alex Carneiro e um grupo de amigos. O Boi Rasgadinho nasceu para representar toda comunidade LGBT do município de Parintins que sempre esteve presente no festival folclórico mas não se sentiam representados por nenhum dos dois bois Garantido e Caprichoso.
O documentário é composto por entrevistas, fala de uma historiadora, fotos de momentos marcantes e gravações de alguns ensaios e apresentações do Boi Rasgadinho. As entrevistas com os criadores do bumbá e alguns dos principais itens mostram toda a emoção de quem faz parte dessa história que agora está sendo transformada em documentário.
Para um olhar mais crítico sobre a participação desse novo boi no festival foi entrevistada a historiadora Larice Butel, que é formada em Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Ela fala sobre a importância do festival e como o surgimento de um boi que representasse o movimento LGBTQ+ foi bom para o festival de Parintins e para a visibilidade desse público.
Logo no início é contado pelo próprio criador do Bumbá, Alex Carneiro, como foi o processo de criação e oficialização do Boi Rasgadinho. Começou como uma brincadeira entre amigos, porém outras pessoas quiseram entrar na brincadeira e foi preciso alugar a quadra da escola estadual Senador João Bosco para que os ensaios fossem realizados. E assim foi que nasceu o bumbá.
Já o nome Rasgadinho foi tirado da expressão “se rasgar” utilizada na comunidade LGBT de Parintins. A expressão significa chamar as pessoas para participar de uma festa e também é utilizada pelos itens que compõem o Boi Rasgadinho para dizer para dar o melhor de si,“se rasgar mesmo” nas apresentações do festival.
E para representá-lo foi escolhido o símbolo de uma borboleta, pois a borboleta passa por uma transformação para ficar bonita e é o que ocorreu com o movimento LGBT em Parintins foi preciso que seus integrantes passassem por um processo de transformação e alguns até mesmo um processo para assumir a sua orientação sexual. Junto com o símbolo foi escolhido as cores rosa e lilás para compor o marca do boi Rasgadinho.
Algumas das entrevistadas para o documentário foram a Sinhazinha Brunnela Gonçalves, a Porta estandarte Wendy Delevigne e a Cunhã poranga Melissa Maia todas itens do Boi Rasgadinho. Elas falaram com emoção o que passaram para chegar nos seus postos e como foi o enfrentamento do preconceito por serem LGBTQIA+. E se emocionaram também ao falar da participação no documentário e lembrar com muito orgulho que o Boi Rasgadinho é o único bumbá de Parintins que já foi feito um documentário.
Para algumas delas o apoio e aceitação da família foi muito importante, principalmente por estarem participando como itens oficiais e não mais como forma de paródia dos bois azul e vermelho como foi no começo. A participação oficial no festival deu reconhecimento e oportunidade de trabalhos nos dois bumbás porque todos do boi Rasgadinho também torcem para os bois Garantido e Caprichoso.
Na parte final teve uma crítica ao pouco apoio recebido para confecção das fantasias e roupas utilizadas nas apresentações. Segundo um entrevistado “todo mundo só dá visibilidade à causa LGBT no mês de julho”. Somente esse ano o Boi Rasgadinho teve um patrocinador oficial. Nos outros anos foram realizadas vendas de pizzas e feijoadas para arcar com os custos.
Por fim, o documentário Nem Azul, Nem Vermelho Boi Rasgadinho é o boi babadeiro é uma ótima maneira de aprender mais sobre a cultura de Parintins por meio da apresentação Boi Rasgadinho ao máximo de pessoas possível. Eu por exemplo nunca tinha ouvido falar dele por ninguém e assistindo o vídeo pude conhecer toda a sua história e luta por reconhecimento.
Autora: Tâmily Prata